Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo: Tentativa de coordena??o historica

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A festa do centenario de Colombo deve acima de tudo ser uma festa de justi?a e um dos grandes jubileus da humanidade. Os centenarios dos grandes homens e os centenarios dos grandes acontecimentos s?o as solemnidades com que se festeja sobretudo a chegada a cada um dos marcos milliarios da estrada, que at? agora parece ser infinita, do Progresso. Lan?ando os olhos para o passado, v?-se que a humanidade n?o parou um s? instante na sua marcha para um fim ainda hoje desconhecido. Parece ?s vezes aos observadores superficiaes que ha epochas em que se rec?a, porque se extingue uma luz que brilhava com immensa intensidade, ou porque retrocede uma ou outra das legi?es que formam o immenso exercito da especie humana; mas, se ha umas que retrocedem, porque estavam muito adeante das outras, estas em compensa??o avan?am e ganham o terreno perdido pelos seus companheiros de jornada. Se um clar?o se apaga, outros ha que se accendem em pontos que at? ahi estavam immersos em trevas profundas. O nivel da humanidade restabelece-se como se restabelece o nivel das aguas depois dos grandes cataclysmos que afundam as mais altas montanhas, e que deixam enxutas immensas planicies cobertas at? ahi pela vaga. Assim n?o ha um s? dos grandes cataclysmos historicos de que n?o resultasse um progresso. Mudou-se a f?rma da civilisa??o occidental quando cahiu o imperio romano. Ao impulso dos barbaros alluiram-se as institui??es e os monumentos, a sciencia e as lettras eclipsaram-se, mas a alma humana illuminou-se com a irradia??o do Evangelho que s? n’essa ra?a virgem que vinha do Norte e do Oriente podia accender os candidos explendores que foram como que novas estrellas no nosso firmamento moral, que foram a divinisa??o da mulher e a apotheose da familia e ao mesmo tempo a esperan?a immortal que expir?ra no mundo antigo podre de civilisa??o e que reviveu no mundo barbaro. Cahiam deante do alvi?o vandalico os monumentos magestosos de Roma e as puras obras primas da Grecia, mas erguia-se envolta n’um nimbo estranho de f? e de poesia a cathedral gothica, e recortavam-se em mil caprichos phantasticos as torrinhas e as innumeraveis agulhas dos pa?os municipaes, em que a burguezia ostentava, em frente da realeza da espada, a realeza do trabalho. Desappareciam debaixo dos codices monachaes as obras primas dos tragicos e as epop?as gregas, mas a alma complexa da tumultuosa meia edade palpitava nos tercetos de Dante. E, quando a invas?o musulmana derrubava no Oriente o ultimo baluarte da antiguidade erudita, quando a Grecia via os seus marmores despeda?ados pelas ferraduras dos cavallos do deserto, e o Egypto as suas esphinges sepultadas nas nuvens de areia que as hordas arabes levantavam, no Occidente arrancava Colombo ? esphinge do Oceano o seu segredo secular, fixava para sempre Guttemberg os vestigios do pensamento humano, e ?s portas orientaes, vindas de remoto occaso, assomavam as pr?as das caravelas portuguezas, que acabavam de sulcar, vanguarda da civilisa??o, as ondas do mar Tenebroso illuminadas pela sua audacia.画面が切り替わりますので、しばらくお待ち下さい。
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